Há cem anos, a
natureza demonstrou ao homem a sua força implacável e colossal. Um simples
bloco de gelo, obra da mãe natureza, colocaria em baixo da água, e não em cima
dela, uma das maiores obras da engenharia humana: o RMS Titanic.
O Titanic foi fruto
de uma sociedade industrial, de um período de cultura cosmopolita da sociedade
europeia, momento de avanços tecnológicos que mudariam o mundo a exemplo do
telegrafo, o telefone sem fio, o cinema, a bicicleta, o automóvel e o avião.
Inventos que inspiravam no homem uma nova percepção a mercê da realidade: era a Belle
Époque, bela época em francês.
Essa mesma sociedade
do início do século XX devastava a natureza de modo atroz e voraz. Era o preço
do luxo, das praticidades e comodidades da bela época.
“Concebido para
ser inafundável” dizia um folheto publicado em 1910 da White Star
Line empresa operadora do navio. Com quase 50.000 toneladas de aço e
270 metros de comprimento o Titanic era o maior navio de passageiros do mundo.
Resultado das mais avançadas tecnologias disponíveis na época.
Mas o que parecia
impossível aconteceu: na noite do domingo do dia 14 de abril de 1912, por volta
das 23:40h o Titanic se chocaria com um bloco de gelo a deriva no oceano,
afundando na manhã do dia seguinte. De 2.240 pessoas a bordo o naufrágio
vitimou, nas gélidas águas do Atlântico Norte, 1.523 pessoas.
Foi um grande choque
para a sociedade daquela época. Apesar do que havia de melhor de tecnologia e
de uma experiente tripulação, o inafundável Titanic não só afundou como levou a
morte milhares de pessoas.
E o que podemos
aprender com Titanic? Atualmente nossa sociedade industrializada, consumista e
capitalista não estaria indo em rota de colisão com as forças desconhecidas da
mãe natureza. Segundo relatório intitulado “A Economia dos Ecossistemas e da
Biodiversidade para Políticas Locais e Regionais”, as cidades atualmente
ocupam um pouco mais de 2% da superfície da terra, e que mais da metade da
população mundial vive nelas e que, de forma alarmante, já consumimos mais de
70% dos recursos naturais disponíveis em nosso planeta.
Assim como o Titanic
não era inafundável, nós não somos inatingíveis. Temos que superar o “paradigma
da imunidade humana” (human exemptionalism paradigm) aos fatos
naturais, como nos fala José Augusto Drummond. Não estaríamos, todos nós, a
bordo de um grande barco em uma trágica rota de colisão com nosso passado de
séculos de espoliação desenfreada dos recursos naturais de nosso planeta?
Teremos o mesmo fim trágico daqueles abordo do Titanic?
Referência:
DRUMMOND, José Augusto. A história ambiental: temas, fontes e linhas de pesquisas. Estudos Históricos, Rio de
Janeiro, Vol. 4 n. 8, 1991, Pg. 179.
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